segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

ARCANO 16- A TORRE: O CAIR DAS MÁSCARAS

Por: Randler Michel

Imagem do Arcano Maior nº 16 A Torre, datada entre 1909/10 criação de Pamela Colman Smith, para Arthur Edward Waite, criação do  Tarô  de Rider- Waite mundialmente conhecido. 

De acordo com Banzhaf (2001).  A Torre: estreiteza, prisão. A coroa na parte de cima lançada para fora: orgulho e a humilhação. O raio que atinge a Torre: o dedo de Deus, ou o raio da consciência do que foi feito. Duas pessoas que despencam da Torre: pessoas caídas, ou libertadas referência aos Arcanos Maiores nº 10 A Roda da Fortuna ( missão de vida e a necessidade da mudança, destino), e à de número 12- O Enforcado ( instabilidade e a mudanças de rumo com sofrimento ou dor ).

A carta do tarô de número 16, conhecida como "A Torre", é uma das mais temidas, emblemáticas e intensas na sua semiologia. A imagem da carta geralmente retrata uma torre imponente sendo atingida por um raio que cai do céu. O impacto do raio danifica a estrutura da torre, que começa a ruir e desmoronar em pedaços. Duas pessoas são vistas pulando do alto da torre, tocando o solo firme.

A simbologia dessa carta é poderosa e multifacetada. O raio representa um evento súbito e inesperado, muitas vezes catalizador¹ de grandes mudanças. Número 16 = 1 +6 = 7 O Arcano Maior O Carro, a partida, movimento, nova direção a seguir . A destruição da torre simboliza a queda de estruturas rígidas e antigas, que já não servem mais ao crescimento e desenvolvimento pessoal. As duas pessoas que pulam da torre refletem a necessidade de abandonar a segurança ilusória e enfrentar a realidade, mesmo que isso envolva dor e sofrimento.

Significado da Carta numa Leitura de Tarô

Em uma leitura de tarô, o Arcano XVI - A Torre, é frequentemente associado a mudanças drásticas e transformações profundas. A carta indica a necessidade de reavaliar e reconstruir aspectos fundamentais da vida. Numa leitura, alerta para a possibilidade de eventos inesperados que podem causar desconforto, mas que são essenciais para o progresso e a evolução. A Torre lembra que, às vezes, é necessário destruir o antigo para que o novo possa surgir.

Simbolismo na Psicanálise Junguiana

Na psicanálise junguiana, A Torre possui um simbolismo rico e significativo. A torre pode ser vista como um símbolo de estruturas psíquicas rigidamente construídas, que mantêm segredos e experiências guardadas no inconsciente pessoal e coletivo. Esses segredos e vivências são frequentemente associados à sombra, um conceito junguiano que representa os aspectos ocultos e reprimidos da personalidade e moralmente não seriam aceitos ou bem visto socialmente.

Quando a torre é atingida pelo raio, um evento externo catalisador, ( quase sempre outra pessoa) ocorre uma mudança interna profunda. Esse evento provoca a conscientização dos aspectos sombrios que eram ocultados, trazendo-os à superfície da consciência. Esse processo é fundamental para a individuação, um conceito central na teoria junguiana, que se refere ao desenvolvimento do self e à integração dos diferentes aspectos da personalidade.

O cair das Máscaras - Persona

A destruição da torre simboliza a necessidade de abandonar as máscaras que usadas para proteção da persona, que são as identidades sociais criadas para agradar aos outros e se conformar às expectativas externas para ser aceito ou não ser crucificado pela moral, valores religiosos ou familiares. No processo de individuação, a conscientização dos aspectos sombrios permite a verdadeira integração da personalidade, tornando desnecessário o uso de máscaras. A Torre ensina que a verdade, por mais dolorosa que seja, é essencial para o crescimento e a autenticidade.

Catalizador¹  deriva do verbo "catalisar", que vem do grego "καταλύειν" (katalyēin), que significa "dissolver" ou "desintegrar". O sufixo "-dor" que indica um  agente que provoca mudanças ou acelera processos dolorosos, sem necessariamente estar envolvido.


Referências Bibliográficas

  • Banzhaf, Hajo. O Livro do Tarô. Editora Pensamento, 2001.

  • Jung, Carl G. O Homem e seus Símbolos. Nova Fronteira, 2008.

 

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