O PODER ANCESTRAL DOS BANHOS DE ERVAS

Por: Randler Michel

"Ponha essas folha, se banha, se benze
Pede pras almas, agradece três Ave-Maria
Faz teu caminho de bem e se alembra'
Que o mundo mais lindo só tem em pedra pequenina"

 

Douglas Germano, Tempo Velho. Álbum Escumalha.

 

Desde tempos imemoriais, os banhos de ervas têm sido um elo sagrado entre os seres humanos e a natureza. Povos indígenas de todo o mundo recorreram a plantas e ervas não apenas como fonte de cura física, mas também espiritual. Em muitas culturas indígenas brasileiras, os pajés utilizam banhos de ervas em rituais para purificação, proteção e conexão com os espíritos da floresta. Essas práticas mantém integradas e ressignificadas em tradições espirituais como o candomblé e a umbanda, em que  mães e pais de santo e médiuns perpetuam o uso das ervas como veículos de harmonização.

Harmonização dos Sete Chakras através dos banhos de ervas

Os chakras, centros energéticos do corpo humano, são representados não apenas em termos físicos, mas também como pontos que refletem virtudes e desafios humanos. O equilíbrio desses pontos pode ser enriquecido com banhos de ervas específicos. Veja a relação entre os chakras, seus nomes em sânscrito, os sete pecados capitais, os dias da semana indicados para banhar-se,  e os orixás que vibram na frequência do axé das ervas indicadas.

Chakra	Nome Sânscrito	Significado/Energia	Pecado Capital	Dia da Semana	Orixá Correspondente	Banho de Ervas Sugerido
Chakra Raiz	Muladhara	Estabilidade e segurança	Preguiça	Segunda-feira	Exu	Banho com arruda, guiné e alecrim
Chakra Sacral	Swadhisthana	Emoções e criatividade	Luxúria	Terça-feira	Iemanjá	Banho com camomila, erva-doce e pétalas de rosa branca
Chakra Plexo Solar	Manipura	Poder pessoal e autoestima	Ira	Quarta-feira	Xangô	Banho com manjericão, louro e casca de limão
Chakra Cardíaco	Anahata	Amor e compaixão	Inveja	Quinta-feira	Oxum	Banho com melissa, hortelã e rosa amarela
Chakra Laríngeo	Vishuddha	Comunicação e expressão	Gula	Sexta-feira	Oxóssi	Banho com eucalipto, sálvia e alfazema
Chakra Frontal	Ajna	Intuição e visão clara	Vaidade	Sábado	Obaluaê	Banho com sândalo, lavanda e folhas de louro
Chakra Coronário	Sahasrara	Conexão espiritual e transcendência	Orgulho	Domingo	Oxalá	Banho com chá de lavanda, folhas de manjericão branco

Esses banhos podem ser feitos em momentos de introspecção, acompanhados por preces ou mantras correspondentes às energias que se deseja harmonizar. Cada erva escolhida tem sua vibração, que se alinha ao propósito do banho, promovendo uma experiência de cura e reconexão com o sagrado. Os banhos de ervas transcendem o tempo e as culturas, integrando espiritualidade, fé e ciência natural. Ao mergulhar nessa prática, estamos resgatando a sabedoria ancestral e estabelecendo uma ponte entre o material e o divino. Harmonizar os chakras, inspirar virtudes e equilibrar os desafios do dia a dia são alguns dos presentes que esses rituais nos oferecem. Que tal experimentar e sentir a transformação?

A maceração das ervas é um passo importante no preparo de um banho energético, pois é nesse processo que se extrai o potencial vibracional e as propriedades terapêuticas das plantas. Aqui está uma descrição detalhada do processo:

1. Escolha das Ervas: Antes de iniciar, selecione na tabela acima as ervas apropriadas para o propósito do banho. Certifique-se de que estejam frescas, limpas e livres de resíduos.

2. Preparação Inicial: Lave as ervas cuidadosamente em água corrente, agradecendo simbolicamente à natureza por seus benefícios. Esse momento pode ser aproveitado para definir mentalmente a intenção do banho.

3. Maceração Manual: Pegue as ervas e coloque-as em uma tigela ou recipiente próprio. Com as mãos limpas, comece a macerá-las suavemente. Utilize movimentos circulares, pressionando as folhas, caules ou flores entre os dedos para liberar os óleos essenciais, aromas e a energia contida nas plantas. Esse ato pode ser feito diretamente com as mãos ou com o auxílio de um pilão.

4. Adicionar Água: Para potencializar o efeito, adicione água morna ou fria sobre as ervas enquanto macera. A temperatura da água é importante: água morna auxilia no relaxamento, enquanto água fria é revigorante.

5. Conexão Energética: Durante a maceração, concentre-se na energia que deseja atrair ou no bloqueio que deseja eliminar. Esse é um momento de introspecção e conexão espiritual e pessoal de cada um. Gosto de recitar o mantra “Kodoish Kodoish Kodoish Adonai Tsebayoth” pode ser traduzido como “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos . É importante cada um seguir na sua fé, seja através das orações de São Jorge ,  Pai Nosso,  São Miguel Arcanjo, São Bento, leitura de salmos,  ou dizer palavras de gratidão durante o processo. "Essa erva cura-me das feridas da alma" . "Eu sou cura de toda energia da inveja". Amigos os espiritualistas e umbandista ouvem ou cantam o ponto do  orixá correspondente a mesma vibração das sagradas folhas ou ervas, enquanto realiza a maceração e se banham.
   

6. Filtragem Opcional: Após a maceração, você pode coar o líquido para remover os pedaços de ervas, deixando apenas a infusão para o banho. Caso prefira, as ervas também podem ser mantidas na água durante o uso.

7. Finalização: O banho deve ser utilizado logo após o preparo para garantir que suas propriedades e energias estejam intactas. Despeje-o lentamente pelo corpo (sempre do pescoço para baixo, no caso de banhos de descarrego ou energização), enquanto mentaliza seus objetivos.

A maceração é mais que um ato físico: é um ritual que conecta o corpo, a mente e o espírito à energia da natureza. Esse cuidado no preparo potencializa a experiência e torna o banho ainda mais eficaz!

Referência

Silva, Randler Michel. O Poder Ancestral dos Banhos de Ervas. Fusão Cósmica 2025.