domingo, 24 de agosto de 2025

ARCANO XVI A TORRE, NÃO É O FIM, É SÓ O COMEÇO DA INDIVIDUAÇÃO

 

Por: Randler Michel


 

A Torre, arcano XVI do Tarô, é o símbolo do colapso inevitável das estruturas internas que já não sustentam a verdade da alma. Ela não chega com delicadeza. É um raio que rasga o céu e destrói o que parecia sólido, revelando o que estava oculto. A sombra no tarô é arquétipo anterior, o arcano XV – O Diabo – a Torre se torna ainda mais reveladora: ela é o desmascaramento da Sombra, o confronto com os desejos reprimidos, os vícios, as traições e os prazeres que foram escondidos atrás da fachada da Persona.

Carl Gustav Jung, em O Homem e Seus Símbolos (Editora Nova Fronteira, 2008), descreve a Sombra como o aspecto inconsciente da personalidade que o ego não reconhece em si mesmo. É o lado obscuro do ser humano, composto por impulsos sexuais descontrolados, inveja, cobiça, e comportamentos que a moral social condena. O arcano XV O Diabo, nesse contexto, representa a sedução da Sombra: o prazer sem limites, o vício, a escravidão emocional e física. É o arquétipo da ilusão, da prisão voluntária, da máscara que se sustenta pela negação da verdade interior.

A Persona, por sua vez, é o arquétipo da máscara social. É o papel que o indivíduo desempenha para se adaptar ao mundo, muitas vezes em detrimento da própria autenticidade. Quando a Torre é atingida pelo raio, essa máscara se rompe. O que antes era escondido – como o caso extraconjugal do casal que cai pelas janelas da torre – vem à tona. A morte simbólica (ou literal, como o marido que jaz no solo após a descoberta da traição) representa o fim de uma ilusão, o colapso de um sistema de crenças que não sustentava mais a verdade do ser.

Esse colapso é doloroso, mas necessário. Jung chama esse processo de individuação: o caminho para tornar-se quem se é de fato, integrando a Sombra à consciência, libertando-se das amarras do ego e da Persona. A Torre, nesse sentido, é libertadora. Ela destrói para que se possa reconstruir. Ela revela para que se possa curar.

O desequilíbrio do segundo chakra – o Svadhisthana – está diretamente ligado às pulsões sexuais, à culpa, à vergonha e à dependência emocional. Quando esse centro energético está em desarmonia, o indivíduo pode se perder em relações tóxicas, vícios e comportamentos autodestrutivos. A queda da Torre é também um chamado à cura desse chakra, à reconexão com a energia criativa e emocional de forma consciente e equilibrada.

Para quem está vivendo a noite escura da alma – esse momento de ruptura, dor e revelação – é essencial compreender que o caos é parte do renascimento. O coaching espiritual pode oferecer ferramentas para atravessar esse processo com coragem e clareza. Aqui vão algumas orientações:

  • Aceite o colapso como parte do processo. Não lute contra a queda da Torre; ela está te libertando.

  • Enfrente seus demônios interiores. Olhe para a Sombra com honestidade e sem julgamento.

  • Reconstrua com autenticidade. O que virá depois será mais verdadeiro, mais alinhado com sua essência.

  • Pratique o silêncio e a introspecção. A meditação, o reiki, o ho'oponopono e as sessões de terapia são aliados poderosos durante o processo da individuação.

  • Cuide do corpo energético. Trabalhe o segundo chakra com práticas como dança, respiração consciente e terapias vibracionais.

Os florais de Bach podem ser grandes aliados nesse processo de cura. Para traumas profundos e perdas, recomendo:

  • Star of Bethlehem: para choque e trauma emocional.

  • Walnut: para transições e proteção contra influências externas.

  • Sweet Chestnut: para momentos de desespero extremo, quando tudo parece perdido.

  • Crab Apple: para purificação e aceitação de si mesmo.

  • Larch: para restaurar a autoconfiança após a queda.

A Torre não é o fim, é só o começo da mudança! É o início de uma nova jornada, mais verdadeira, mais livre. O raio que a destrói é o mesmo que ilumina. E dos escombros, nasce a possibilidade de reconstruir uma vida com base na autenticidade, na consciência e no amor próprio. Que você tenha coragem de atravessar a tempestade e sabedoria para renascer das cinzas. Na sequência do tarô, o arcano XVII- A Estrela, nua, despojada das máscaras sociais, mas com esperança de dias melhores.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

JUNG, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Nova Fronteira, Rio de Janeiro: Brasil, 2008. 

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