sábado, 13 de setembro de 2025

ASTROLOGIA E ASTRONOMIA : SOMOS FILHOS DO UNIVERSO E IRMÃOS DAS ESTRELAS.


Por: Randler Michel

                                         Marsílio Ficino (1433–1499)

 

“Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores. Você merece estar aqui, e mesmo que você não possa perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.”

O poema Desiderata, escrito por Max Ehrmann em 1927, é uma meditação poética sobre paz interior, dignidade humana e harmonia com o universo.  sintetiza a ideia de que cada ser humano tem um lugar legítimo e precioso no cosmos, independentemente das circunstâncias. O astrólogo, médico e filósofo Marsílio Ficino e a astrônoma e astrofísica Cecília Payane  ambos com sua ciência e distanciados por séculos, comunicaram ao mundo, que somos filhos do Universo e irmãos das estelas.

Marsílio Ficino (1433–1499) foi uma das figuras mais influentes do Renascimento italiano. Filósofo, sacerdote, médico e músico, ele dedicou sua vida a traduzir e reinterpretar o pensamento de Platão e dos neoplatônicos, integrando-o à teologia cristã e à astrologia. Seu legado é vasto, e sua visão do universo como um organismo vivo ressoa surpreendentemente com descobertas científicas modernas — especialmente com a revelação de que os seres humanos são compostos pelos mesmos elementos que formam as estrelas.

Em 1925, a astrônoma Cecilia Payne-Gaposchkin publicou sua tese Stellar Atmospheres, na qual demonstrou que as estrelas são compostas principalmente de hidrogênio e hélio. Usando a equação de ionização de Saha, ela provou que os elementos presentes nas estrelas são os mesmos que constituem os seres humanos. Essa descoberta, inicialmente desacreditada, foi posteriormente reconhecida como uma das mais importantes da astrofísica moderna. A ciência, portanto, confirma o que Ficino já intuía em sua filosofia: somos feitos da mesma substância que compõe o cosmos.

Ficino acreditava que a alma do mundo imprimia suas propriedades em todas as formas da criação. Para ele, as estrelas não apenas influenciavam a vida terrena — elas compartilhavam da mesma essência que permeia tudo o que existe. Essa ideia está presente em sua obra De vita libri tres (1489), especialmente no terceiro livro, De vita coelitus comparanda, onde ele propõe uma medicina astrológica chamada iatromathematica. Nessa abordagem, os planetas são vistos como fontes de energia espiritual que podem ser canalizadas para promover saúde e equilíbrio.

A astrologia de Ficino não era voltada à adivinhação, mas à harmonização. Ele acreditava que os astros “inclinavam, mas não obrigavam”, e que o livre-arbítrio permitia ao ser humano agir com sabedoria diante das influências cósmicas. Para alcançar essa sintonia, recomendava o uso de talismãs, hinos órficos, cores, aromas e dietas específicas, cada uma associada às vibrações de determinados planetas.

Em sua Theologia Platonica (1486), Ficino descreve o universo como um organismo vivo e vibrante, no qual as estrelas emanam forças que animam a matéria. Essa visão se aproxima da cosmologia moderna, que vê o universo como uma rede de energia em constante transformação. Para Ficino, essa energia tinha propósito, alma e beleza — e o ser humano era seu reflexo. Ele afirmava: “Se Galeno é o médico do corpo, Platão é o médico da alma”, sintetizando sua missão de curar o espírito por meio da filosofia, da música, da astrologia e da contemplação do divino.

Sob o patrocínio de Lorenzo de Medici, Ficino fundou a Academia Platônica de Florença, inspirada na escola de Platão. Tradutor de obras clássicas e introdutor do Corpus Hermeticum ao Ocidente, ele moldou o pensamento renascentista e influenciou artistas como Botticelli e Michelangelo. Sua filosofia integrava o platonismo ao cristianismo, valorizando a dignidade, a beleza e o potencial espiritual do ser humano.

Para compreender a profundidade da astrologia na história humana, é essencial recorrer à obra A Astrologia no Mundo: Uma Visão Histórica para Entender Melhor a Personalidade Humana, de Peter Marshall. O autor traça um panorama fascinante das tradições astrológicas em diversas culturas, revelando como a astrologia foi usada para compreender o comportamento humano, os ciclos da natureza e os mistérios da existência. Ele mostra que, apesar das críticas e da marginalização científica, a astrologia permanece viva — nos lares, nos bastidores do poder, e nas buscas pessoais por sentido.

Hoje, quando olhamos para as estrelas e reconhecemos nelas nossa origem, podemos também ouvir o eco de Ficino: somos parte do cosmos, feitos da mesma substância das estrelas, e conectados por uma teia invisível de energia, alma e significado:a nossa carta natal,  Mapa Natal ou popular Mapa Astral.

Referências bibliográficas:

  • PAYNE-GAPOSCHKIN, Cecilia. Stellar Atmospheres. Harvard University, 1925.

  • FICINO, Marsilio. De vita libri tres. Florença, 1489.

  • MARSHALL, Peter. A Astrologia no Mundo: Uma Visão Histórica para Entender Melhor a Personalidade Humana. Rio de Janeiro: Editora Nova Era, 2006.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Trânsitos Planetários: Os Ciclos Cósmicos que Moldam Nossa Jornada Pessoal

 

🔭 Por: Randler Michel

Na astrologia, os trânsitos planetários funcionam como grandes marcadores de tempo da alma. Eles não determinam o que vai acontecer, mas revelam os temas que estarão em destaque em nossa vida — como convites cósmicos para crescer, mudar e evoluir.

Hoje, vamos explorar como os trânsitos dos planetas lentos (Saturno, Urano, Netuno e Plutão) atuam como verdadeiros ritos de passagem, sinalizando momentos de crise, amadurecimento e renascimento. Também explicaremos o que é o Mapa Natal e o Mapa de Trânsitos, para que você possa entender como esses movimentos celestes se conectam com sua própria trajetória.

🧭 O Que é o Mapa Natal?

O Mapa Natal é uma fotografia do céu no exato momento do seu nascimento. Ele mostra onde estavam os planetas, em quais signos e casas, revelando seus potenciais, desafios e tendências. É como um código cósmico que descreve quem você é em essência.

🔄 O Que é o Mapa de Trânsitos?

O Mapa de Trânsitos compara o céu atual com o seu Mapa Natal. Ele mostra como os planetas em movimento estão ativando pontos específicos do seu mapa, trazendo à tona temas que precisam ser vividos, revisitados ou transformados. É uma ferramenta poderosa para entender os ciclos da vida e se preparar para eles com consciência.

🪐 Saturno: O Senhor do Tempo e da Estrutura

Saturno é o planeta da responsabilidade, dos limites e da maturidade. Seus trânsitos marcam os principais momentos de avaliação e reconstrução da vida adulta.

Principais trânsitos de Saturno:

  • 🔹 27–30 anos – Primeiro Retorno de Saturno Início da vida adulta. Confronto com escolhas e estruturas. Tempo de amadurecimento.

  • 🔹 ~36 anos – Quadratura Crescente Teste das estruturas criadas. Ajustes e superação de obstáculos.

  • 🔹 ~43–44 anos – Oposição de Saturno Crise da meia-idade. Reavaliação profunda da trajetória.

  • 🔹 ~51 anos – Quadratura Minguante Reflexão sobre legado e papel social.

  • 🔹 57–60 anos – Segundo Retorno de Saturno Transição para a sabedoria. Aceitação e liberdade madura.

⚡ Urano: A Revolução do Ser

Urano é o planeta da inovação, da liberdade e das mudanças súbitas. Seus trânsitos nos despertam para a autenticidade e nos libertam de padrões estagnados.

Principais trânsitos de Urano:

  • 🔹 ~21 anos – Primeira Quadratura Rebeldia, busca por identidade e independência.

  • 🔹 ~40–42 anos – Oposição de Urano Desejo de liberdade. Mudanças radicais. Revolução pessoal.

  • 🔹 ~63 anos – Segunda Quadratura Reinvenção na maturidade. Vitalidade e propósito renovado.

  • 🔹 ~84 anos – Retorno de Urano Culminação da individuação. Reflexão sobre a vida vivida.

🌊 Netuno: A Busca por Significado

Netuno dissolve ilusões e nos conecta ao espiritual. Seus trânsitos trazem confusão, inspiração ou desilusão — tudo para nos alinhar com o que é verdadeiro.

Trânsito marcante:

  • 🔹 ~40–42 anos – Quadratura de Netuno Crise de fé e propósito. Desilusão e despertar espiritual.

🔥 Plutão: Morte e Renascimento

Plutão representa poder, transformação e renascimento. Seus trânsitos são intensos e profundos, revelando sombras e promovendo cura.

Trânsito marcante:

  • 🔹 ~37–43 anos – Quadratura de Plutão Crises intensas. Confronto com medos e padrões tóxicos. Renascimento pessoal.

🌟 Por Que Conhecer Seus Trânsitos?

Entender os trânsitos planetários é como ter um calendário da alma. Eles ajudam você a:

  • Identificar os momentos ideais para mudanças

  • Compreender crises como oportunidades de crescimento

  • Planejar decisões importantes com mais consciência

  • Honrar os ritmos naturais da vida

🧙‍♂️ Conclusão

A astrologia é uma linguagem simbólica que nos ajuda a navegar os ciclos da existência com mais sabedoria. Os trânsitos planetários são convites cósmicos para evoluir, e o Mapa Natal é o ponto de partida dessa jornada. Ao unir esses dois instrumentos, você pode transformar desafios em oportunidades e viver com mais propósito e autenticidade.

Se quiser, posso calcular seus trânsitos atuais com base no seu Mapa Natal. Basta me enviar sua data, hora e local de nascimento. Vamos decifrar juntos os sinais do céu!

📚 Referência Bibliográfica

SASPORTAS, Howard. Os Deuses da Mudança: uma nova abordagem da astrologia. São Paulo: Siciliano, 1991.

A Relação entre os Setênios da Antroposofia e os Chakras da Tradição Iogue: Um Mapa Evolutivo do Desenvolvimento Humano


Por: Randler Michel

                                                             Fonte de imagem: https://oterceiroato.com/

Resumo Este artigo propõe uma análise integrativa e interdisciplinar entre os ciclos de sete anos conhecidos como setênios, conforme a Antroposofia de Rudolf Steiner, e os centros energéticos denominados chakras, oriundos da tradição iogue. A correlação entre essas duas abordagens oferece uma perspectiva simbólica e prática sobre o desenvolvimento humano, desde a infância até a maturidade espiritual, revelando uma jornada de amadurecimento físico, emocional, mental e espiritual.

Palavras-chave: Setênios; Chakras; Antroposofia; Desenvolvimento humano; Espiritualidade.

1. Introdução

O ser humano passa por diversas fases ao longo da vida, cada uma marcada por desafios e aprendizados específicos. A Antroposofia, ciência espiritual desenvolvida por Rudolf Steiner, propõe que a biografia humana se organiza em ciclos de sete anos, denominados setênios. Paralelamente, a tradição iogue descreve os chakras como centros energéticos que governam dimensões específicas da consciência e da saúde integral. Este artigo busca correlacionar essas duas abordagens, oferecendo um mapa simbólico e funcional para o autoconhecimento e a evolução pessoal.

2. Os Setênios na Antroposofia

Segundo Steiner (1991), os setênios representam etapas do desenvolvimento humano que envolvem a formação do corpo físico, da alma e do espírito. Cada ciclo de sete anos é caracterizado por uma tarefa biográfica predominante, que se manifesta nas esferas da vontade, do sentimento e do pensamento.

2.1 Primeiro Setênio (0 a 7 anos) – Formação do Corpo Físico

Fase da encarnação e estruturação corporal. A criança aprende por imitação e desenvolve a vontade. O foco está na segurança, nos ritmos e na construção de vínculos com o ambiente. Frase-chave: “O mundo é bom.”

2.2 Segundo Setênio (7 a 14 anos) – Desenvolvimento da Vida Emocional

Fase da alma sensível. A criança desenvolve sentimentos, imaginação e memória. A autoridade externa é valorizada e o mundo é explorado pelo sentir. Frase-chave: “O mundo é belo.”

2.3 Terceiro Setênio (14 a 21 anos) – Construção da Identidade e do Pensamento

Fase da alma racional. O jovem busca sua identidade, questiona o mundo e forma ideais próprios. É um período de afirmação e julgamento crítico. Frase-chave: “O mundo é verdadeiro.”

2.4 Quarto Setênio (21 a 28 anos) – Maturidade Emocional e Relações Profundas

Fase de integração social e afetiva. O adulto jovem busca experiências significativas, constrói vínculos e começa a equilibrar o interno com o externo. Frase-chave: “Eu sou parte do mundo.”

2.5 Quinto Setênio (28 a 35 anos) – Afirmação no Mundo e Expressão da Verdade

Fase de estruturação consciente. O indivíduo consolida sua identidade e busca viver de acordo com sua verdade interior. Frase-chave: “Eu sou quem eu sou.”

2.6 Sexto Setênio (35 a 42 anos) – Crise de Autenticidade e Visão Interior

Fase de revisão e introspecção. O indivíduo questiona as estruturas construídas e busca autenticidade e significado mais profundo. Frase-chave: “Quem sou eu de verdade?”

2.7 Sétimo Setênio (42 a 49 anos) – Espiritualidade Consciente e Transcendência

Fase de conexão com o propósito maior. O foco se volta do “ter” para o “ser”, com busca por inspiração e transcendência. Frase-chave: “Eu sou parte do Todo.”

3. Os Chakras na Tradição Iogue

Os chakras são centros sutis de energia distribuídos ao longo da coluna vertebral, conforme descrito por autores como Judith (2004). Cada chakra está associado a aspectos físicos, emocionais e espirituais, e seu despertar representa a integração das qualidades que ele simboliza.

4. Correlação entre Setênios e Chakras

A seguir, apresenta-se a relação entre os sete primeiros setênios e os respectivos chakras, com base em suas características simbólicas e funcionais.


4.1 Primeiro Setênio (0 a 7 anos) – Chakra Básico (Muladhara)

  • Desenvolvimento: Encarnação física, segurança e vínculo com o ambiente.

  • Chakra: Muladhara (Raiz)

  • Cor: Vermelho

  • Mantra: LAM

  • Órgãos: Suprarrenais, pernas, pés, intestino grosso.

4.2 Segundo Setênio (7 a 14 anos) – Chakra Sacral (Svadhisthana)

  • Desenvolvimento: Emoções, imaginação e vínculos afetivos.

  • Chakra: Svadhisthana

  • Cor: Laranja

  • Mantra: VAM

  • Órgãos: Gônadas, rins, quadris, bexiga.

4.3 Terceiro Setênio (14 a 21 anos) – Chakra do Plexo Solar (Manipura)

  • Desenvolvimento: Identidade, força de vontade e pensamento próprio.

  • Chakra: Manipura

  • Cor: Amarelo

  • Mantra: RAM

  • Órgãos: Pâncreas, fígado, estômago, sistema digestivo.

4.4 Quarto Setênio (21 a 28 anos) – Chakra Cardíaco (Anahata)

  • Desenvolvimento: Relações profundas, amor e empatia.

  • Chakra: Anahata

  • Cor: Verde e Rosa

  • Mantra: YAM

  • Órgãos: Timo, coração, pulmões, braços.

4.5 Quinto Setênio (28 a 35 anos) – Chakra Laríngeo (Vishuddha)

  • Desenvolvimento: Expressão pessoal, verdade e comunicação.

  • Chakra: Vishuddha

  • Cor: Azul Celeste

  • Mantra: HAM

  • Órgãos: Tireoide, garganta, boca, ouvidos.

4.6 Sexto Setênio (35 a 42 anos) – Chakra Frontal (Ajna)

  • Desenvolvimento: Intuição, visão interior e autenticidade.

  • Chakra: Ajna (Terceiro Olho)

  • Cor: Azul Índigo

  • Mantra: OM

  • Órgãos: Pituitária, olhos, cérebro inferior.

4.7 Sétimo Setênio (42 a 49 anos) – Chakra Coronário (Sahasrara)

  • Desenvolvimento: Espiritualidade consciente e transcendência.

  • Chakra: Sahasrara

  • Cor: Violeta ou Branco-Dourado

  • Mantra: Silêncio (ou OM)

  • Órgãos: Pineal, córtex cerebral, corpo energético.

5. Considerações Finais

A correlação entre os setênios e os chakras oferece uma abordagem integrativa para compreender o desenvolvimento humano em suas múltiplas dimensões. Ao reconhecer os desafios e potenciais de cada fase da vida, é possível promover uma jornada mais consciente, alinhada com os ritmos naturais da existência e com os princípios da evolução espiritual.

Referências Bibliográficas

STEINER, Rudolf. A Educação da Criança segundo a Ciência Espiritual. São Paulo: Antroposófica, 1991.

JUDITH, Anodea. Os Chakras: Roda da Vida. São Paulo: Pensamento, 2004.

SHARMA, Dr. Shalila; SHARMA, Bodo J. Chakras: Os Centros de Energia do Corpo Humano. São Paulo: Ground, 1992.

KÜHNE, Christoph. Biografia Humana: A Arte de Viver Conscientemente. São Paulo: Antroposófica, 2010.


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

ARCANO XV- O DIABO: ENCARE SUA SOMBRA

 

Por: Randler Michel 


Chega uma hora na vida, que temos que encarar o  Diabo interior O Arcano XV do Tarô sob a luz da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. Ilustração do Arcano XV- O Diabo, do Tarô Fusão Cósmica , criado com IA.

O Arcano XV — O Diabo — é um dos símbolos mais densos e inquietantes do Tarô. Ele não representa apenas o mal absoluto ou a condenação moral, mas sim forças psíquicas profundas que habitam a sombra do ser humano: os desejos reprimidos, os vícios, as compulsões, as pulsões sexuais e os excessos. Na perspectiva da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, o Diabo é um arquétipo que nos confronta com tudo aquilo que foi excluído da consciência, mas que continua a operar silenciosamente no inconsciente.

A sombra, conceito central em Jung, é composta por conteúdos que o ego rejeita por não se alinharem à moral, à ética ou às expectativas sociais. No entanto, ela não é apenas um depósito de aspectos negativos. A sombra também abriga a energia criativa, a espontaneidade, a força instintiva e a potência de realização. O Diabo, como arquétipo, representa essa dualidade: é tanto o símbolo da degradação quanto da possibilidade de integração e transformação.

Vemos o Diabo nos outros, até o repelimos, mas não o vemos em nós mesmos através dos nossos comportamentos. Essa é a armadilha da projeção: ao negar nossa própria sombra, passamos a enxergá-la nos outros, condenando neles aquilo que não temos coragem de reconhecer em nós. O Diabo, nesse sentido, é o espelho da hipocrisia humana, da moral seletiva e da persona que construímos para sermos aceitos socialmente e que no arcano seguinte XVI- A Torre, a persona se desfaz, caem  as máscaras.

A imagem simbólica do Diabo como um esqueleto vestido com o hábito de um monge, fumando um cigarro e degustando uma taça de vinho tinto, sentado em uma poltrona diante de um casal sensual, revela com precisão essa ambiguidade. O esqueleto, símbolo da morte e da finitude, veste o traje da espiritualidade, sugerindo a contradição entre o sagrado e o profano. O cigarro e o vinho representam os vícios que anestesiam dores emocionais profundas, muitas vezes enraizadas na carência afetiva da infância. O casal aos seus pés — uma mulher de vestido vermelho, seios à mostra, e um homem sem camisa, com calça justa — encarna a prisão aos desejos sexuais, à teatralidade do erotismo e à busca por validação através do corpo.

O Diabo também é associado a arquétipos mitológicos como o deus Pan — divindade dos pastores, com pernas de bode, viciado em sexo e vinho — e Baphomet, figura esotérica que sintetiza o bem e o mal, o masculino e o feminino, o espiritual e o material. Anthony Louis, em O Livro Completo do Tarô, destaca que o Arcano XV representa o poder da ilusão, da sedução e da escravidão aos prazeres sensoriais. Observe que, numerologicamente, o número 15 se reduz a 6 (1+5), remetendo ao Arcano VI — Os Amantes — que simboliza o desejo, a dúvida entre dois caminhos, a traição e os triângulos amorosos. Assim, o Diabo é a sombra dos Amantes: quando o desejo se torna obsessão, quando o amor se converte em compulsão, quando a escolha é guiada pela luxúria e não pela luz da consciência.

No campo terapêutico, o Diabo nos convida a olhar para nossas máscaras — a persona que construímos para sermos aceitos — e a confrontar o que está por trás delas. Ele revela a perversão, o materialismo, a obsessão e a compulsão sexual como sintomas de uma alma desconectada de sua essência. Mas também aponta para a possibilidade de libertação: ao integrar a sombra, ao reconhecer os desejos reprimidos, ao acolher o que foi negado, o indivíduo pode transformar o Diabo interior em força criadora, ganhos e prosperidade material.

Encarar o Diabo é, portanto, um ato de coragem. É reconhecer que o mal não está fora, mas dentro de nós — e que só ao iluminá-lo com a consciência podemos transcender suas amarras.

Referências bibliográficas:

  • JUNG, Carl Gustav. O Eu e o Inconsciente. Petrópolis: Vozes, 2000.

  • LOUIS, Anthony. O Livro Completo do Tarô. São Paulo: Pensamento, 2019.

domingo, 24 de agosto de 2025

ARCANO XVI A TORRE, NÃO É O FIM, É SÓ O COMEÇO DA INDIVIDUAÇÃO

 

Por: Randler Michel


 

A Torre, arcano XVI do Tarô, é o símbolo do colapso inevitável das estruturas internas que já não sustentam a verdade da alma. Ela não chega com delicadeza. É um raio que rasga o céu e destrói o que parecia sólido, revelando o que estava oculto. A sombra no tarô é arquétipo anterior, o arcano XV – O Diabo – a Torre se torna ainda mais reveladora: ela é o desmascaramento da Sombra, o confronto com os desejos reprimidos, os vícios, as traições e os prazeres que foram escondidos atrás da fachada da Persona.

Carl Gustav Jung, em O Homem e Seus Símbolos (Editora Nova Fronteira, 2008), descreve a Sombra como o aspecto inconsciente da personalidade que o ego não reconhece em si mesmo. É o lado obscuro do ser humano, composto por impulsos sexuais descontrolados, inveja, cobiça, e comportamentos que a moral social condena. O arcano XV O Diabo, nesse contexto, representa a sedução da Sombra: o prazer sem limites, o vício, a escravidão emocional e física. É o arquétipo da ilusão, da prisão voluntária, da máscara que se sustenta pela negação da verdade interior.

A Persona, por sua vez, é o arquétipo da máscara social. É o papel que o indivíduo desempenha para se adaptar ao mundo, muitas vezes em detrimento da própria autenticidade. Quando a Torre é atingida pelo raio, essa máscara se rompe. O que antes era escondido – como o caso extraconjugal do casal que cai pelas janelas da torre – vem à tona. A morte simbólica (ou literal, como o marido que jaz no solo após a descoberta da traição) representa o fim de uma ilusão, o colapso de um sistema de crenças que não sustentava mais a verdade do ser.

Esse colapso é doloroso, mas necessário. Jung chama esse processo de individuação: o caminho para tornar-se quem se é de fato, integrando a Sombra à consciência, libertando-se das amarras do ego e da Persona. A Torre, nesse sentido, é libertadora. Ela destrói para que se possa reconstruir. Ela revela para que se possa curar.

O desequilíbrio do segundo chakra – o Svadhisthana – está diretamente ligado às pulsões sexuais, à culpa, à vergonha e à dependência emocional. Quando esse centro energético está em desarmonia, o indivíduo pode se perder em relações tóxicas, vícios e comportamentos autodestrutivos. A queda da Torre é também um chamado à cura desse chakra, à reconexão com a energia criativa e emocional de forma consciente e equilibrada.

Para quem está vivendo a noite escura da alma – esse momento de ruptura, dor e revelação – é essencial compreender que o caos é parte do renascimento. O coaching espiritual pode oferecer ferramentas para atravessar esse processo com coragem e clareza. Aqui vão algumas orientações:

  • Aceite o colapso como parte do processo. Não lute contra a queda da Torre; ela está te libertando.

  • Enfrente seus demônios interiores. Olhe para a Sombra com honestidade e sem julgamento.

  • Reconstrua com autenticidade. O que virá depois será mais verdadeiro, mais alinhado com sua essência.

  • Pratique o silêncio e a introspecção. A meditação, o reiki, o ho'oponopono e as sessões de terapia são aliados poderosos durante o processo da individuação.

  • Cuide do corpo energético. Trabalhe o segundo chakra com práticas como dança, respiração consciente e terapias vibracionais.

Os florais de Bach podem ser grandes aliados nesse processo de cura. Para traumas profundos e perdas, recomendo:

  • Star of Bethlehem: para choque e trauma emocional.

  • Walnut: para transições e proteção contra influências externas.

  • Sweet Chestnut: para momentos de desespero extremo, quando tudo parece perdido.

  • Crab Apple: para purificação e aceitação de si mesmo.

  • Larch: para restaurar a autoconfiança após a queda.

A Torre não é o fim, é só o começo da mudança! É o início de uma nova jornada, mais verdadeira, mais livre. O raio que a destrói é o mesmo que ilumina. E dos escombros, nasce a possibilidade de reconstruir uma vida com base na autenticidade, na consciência e no amor próprio. Que você tenha coragem de atravessar a tempestade e sabedoria para renascer das cinzas. Na sequência do tarô, o arcano XVII- A Estrela, nua, despojada das máscaras sociais, mas com esperança de dias melhores.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

JUNG, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Nova Fronteira, Rio de Janeiro: Brasil, 2008. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

07- O CARRO: EMPUNHE AS RÉDEAS DO SEU DESTINO

 Por: Randler Michel 


No vibrante universo do Tarô, emerge a figura imponente do Arcano VII: O Carro. Um auriga resoluto, ereto em sua carruagem, personifica a força de vontade, o controle e a inabalável jornada rumo à vitória. A imagem evoca movimento, ambição e a maestria necessária para guiar forças, por vezes conflitantes, em direção a um objetivo claro. Os cavalos, frequentemente representados em cores contrastantes, simbolizam os impulsos internos e externos que precisam ser dominados e direcionados com firmeza. A própria presença do auriga, com sua postura confiante, irradia a mensagem de que o sucesso não é um mero acaso, mas o resultado de uma condução consciente e determinada.

Assim como o auriga da antiguidade clássica empunhava as rédeas de sua biga, controlando com destreza os poderosos animais que a impulsionavam nas arenas, cada indivíduo possui a capacidade de conduzir a própria vida. O auriga, o cocheiro, não era apenas um piloto; era um estrategista, um mestre na arte de coordenar energia e intenção para cruzar a linha de chegada. Ele conhecia a força de seus cavalos, os desafios do percurso e a importância de manter o foco em meio ao clamor da multidão. Correspondências astrológicas: Lua em Áries, Sol em Áries, Trânsito de Marte em Áries, Marte na casa I, Marte em trânsito conjunção com Sol , Plutão natal. Marte em trânsito oposição a Plutão natal.

Lições de Coaching de O Carro para a Sua Jornada

A metáfora do Arcano O Carro ressoa profundamente no contexto do desenvolvimento pessoal e da busca por objetivos. Para ser o auriga da sua própria vida, você precisa:

 * Ter a Direção Certa: Assim como o auriga sabe seu destino na corrida, você precisa ter clareza sobre seus objetivos. Defina metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e com Prazo definido). Onde você quer chegar? O que é o seu sucesso?

 * Dominar Seus Impulsos: O auriga não luta contra os cavalos, ele os guia. Identifique suas próprias forças (talentos, habilidades) e suas fraquezas (procrastinação, falta de foco). Alinhe-as para que trabalhem a seu favor, não contra você.

 * Desenvolver Autodisciplina: A armadura do auriga representa sua preparação e foco. Para atingir seus objetivos, você precisa de disciplina e autocontrole. Crie um plano de ação, gerencie seu tempo e elimine as distrações que impedem seu progresso.

 * Confiar na sua Jornada: O auriga demonstra confiança inabalável em sua capacidade. Acredite em si mesmo e celebre as pequenas vitórias ao longo do caminho. Essa autoconfiança é a força motriz que o manterá no curso, transformando obstáculos em oportunidades.

O Carro nos convida a sermos os aurigas de nossas próprias vidas, construindo ativamente o caminho para o sucesso com foco, controle e inabalável autoconfiança.


terça-feira, 19 de agosto de 2025

CICLOS CÓSMICOS,TRÂNSITOS PLANETÁRIOS E OS SETÊNIOS.

 

 Por:  Randler Michel


A vida humana pode ser vista como uma espiral de evolução dividida em ciclos de sete anos — os setênios. Cada ciclo corresponde ao despertar de um dos sete chakras principais, e é influenciado por trânsitos planetários que atuam como catalisadores do desenvolvimento. Os aspectos astrológicos — como conjunções, quadraturas, oposições e retornos — marcam momentos de crise, expansão de consciência ou integração.

0–7 anos: Raiz e Encarnamento

  • Chakra: Muladhara (Raiz)

  • Trânsito dominante: 🌙 Lua — conjunções com planetas pessoais moldam o campo emocional

    • Aspectos marcantes: Conjunções com Sol ou Ascendente indicam forte vínculo materno; quadraturas podem gerar insegurança emocional.

    • Energia: Formação do corpo físico, vínculo com a Terra, segurança e sobrevivência.

7–14 anos: Sacral e Emoções

  • Chakra: Svadhisthana (Sacral)

  • Trânsito dominante:Mercúrio — ativa a mente concreta e a comunicação

    • Aspectos marcantes: Conjunções com Mercúrio natal favorecem aprendizado; quadraturas indicam conflitos na expressão.

    • Energia: Desenvolvimento emocional, prazer, criatividade.

14–21 anos: Plexo Solar e Poder Pessoal

  • Chakra: Manipura (Plexo Solar)

  • Trânsitos dominantes:Vênus e ♂ Marte

    • Aspectos marcantes: Conjunções com Marte natal despertam ação e libido; oposições indicam conflitos entre desejo e realidade.

    • Energia: Afirmação do ego, sexualidade, busca por identidade.

21–28 anos: Cardíaco e Amor Universal

  • Chakra: Anahata (Cardíaco)

  • Trânsito dominante:Saturno — Retorno de Saturno (28–30 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Conjunção: Saturno retorna à posição natal, exigindo maturidade e estrutura.

      • Quadratura (21 anos): Crise de identidade e responsabilidade.

      • Oposição (14 anos): Conflito entre liberdade e dever.

    • Energia: Amor, empatia, relacionamentos profundos.

28–35 anos: Laríngeo e Expressão

  • Chakra: Vishuddha (Laríngeo)

  • Trânsito dominante:Júpiter

    • Aspectos marcantes:

      • Conjunção com Júpiter natal (~34 anos): Expansão de propósito e sabedoria.

      • Quadratura (~30 anos): Excesso, arrogância ou crise de fé.

    • Energia: Comunicação autêntica, expressão da verdade interior.

35–42 anos: Frontal e Intuição

  • Chakra: Ajna (Terceiro Olho)

  • Trânsito dominante:Quíron

    • Aspectos marcantes:

      • Oposição (~37 anos): Enfrentamento de feridas profundas.

      • Conjunção com Quíron natal (~50 anos): Cura e integração.

    • Energia: Desenvolvimento da visão interior, intuição.

42–49 anos: Coronário e Transcendência

  • Chakra: Sahasrara (Coronário)

  • Trânsito dominante:Urano — Oposição de Urano (~42 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Oposição: Desejo de liberdade, ruptura com padrões.

      • Quadratura (~21 anos): Rebeldia e inovação.

    • Energia: Conexão espiritual, transcendência.

49–56 anos: Integração e Serviço

  • Trânsito dominante:Netuno — Quadratura de Netuno (~54 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Quadratura: Crise de fé, dissolução de ilusões.

      • Conjunção com Netuno natal (~84 anos): União com o todo.

    • Energia: Serviço ao coletivo, compaixão, desapego.

56–63 anos: Sabedoria e Mestria

  • Trânsito dominante:Plutão — Oposição de Plutão (~63 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Oposição: Transformações profundas, enfrentamento da sombra.

      • Quadratura (~38 anos): Crises existenciais.

    • Energia: Maturidade espiritual, renascimento.

63–70 anos: Contemplação e Paz

  • Trânsito dominante:Segundo Retorno de Saturno (~58–60 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Conjunção: Revisão de vida, aceitação, sabedoria.

      • Oposição (~44 anos): Conflito entre legado e liberdade.

    • Energia: Retiro interior, contemplação.

70–77 anos: Transcendência e Unidade

  • Trânsito dominante:Urano — Quadratura final (~63–65 anos)

    • Aspectos marcantes:

      • Quadratura: Libertação final, desapego das formas.

      • Conjunção (~84 anos): União com o espírito livre.

    • Energia: Dissolução do ego, espiritualidade elevada.

77–84 anos: Eternidade e Consciência Cósmica

  • Trânsitos dominantes:Netuno e ♇ Plutão

    • Aspectos marcantes:

      • Conjunções com Netuno e Plutão natal: Dissolução completa do ego, conexão com o eterno.

    • Energia: Preparação para o retorno à fonte, sabedoria universal.

 

📚 Referências Bibliográficas

  1. Judith, Anodea. Rodas da Vida: Os Chakras como Caminho para o Despertar Interior. Editora Pensamento, 2004.

  2. Steiner, Rudolf. A Educação da Criança segundo a Ciência Espiritual. Editora Antroposófica, 2001.

  3. Arroyo, Stephen. Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. Editora Pensamento, 1992.

  4. Sasportas, Howard. Os Deuses do Olimpo: Os Planetas e os Arquétipos da Alma. Editora Pensamento, 2000.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ENTRE OS VÉUS DO TARÔ: A CONEXÃO ENTRE OS ARCANOS E AS LEIS DE HERMES

Por: Randler Michel

 

As Leis de Hermes Trismegisto, codificadas no livro "O Caibalion", e os Arcanos Maiores do Tarô são sistemas simbólicos profundamente interligados, ambos oferecendo chaves para a compreensão do universo e da jornada humana. As sete Leis Herméticas podem ser vistas como princípios universais que operam em todos os planos da existência, enquanto os Arcanos Maiores representam estágios arquetípicos dessa jornada e manifestações desses princípios.


1. O Princípio do Mentalismo:


“O TODO é MENTE; o Universo é Mental.”
Tudo o que existe é uma manifestação do pensamento do Todo. Nossa realidade é criada por nossa mente.
 * Arcanos Correspondentes:
   * O Mago (I): Representa a mente ativa, a capacidade de manifestar pensamentos em realidade. Ele tem todas as ferramentas à sua disposição, simbolizando o poder da vontade e da concentração mental.
   * O Louco (0/XXII): Em seu aspecto de potencial puro e mente aberta, o Louco está no início da jornada, com a mente livre para criar qualquer coisa. Ele representa o espírito que se aventura no desconhecimento, impulsionado por um impulso mental original.


2. O Princípio da Correspondência:

 
“O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.”
Existe uma harmonia e analogia entre os diferentes planos da existência (macrocosmo e microcosmo).

 * Arcanos Correspondentes:

* A Sacerdotisa (II): Representa o véu entre o consciente e o inconsciente, o visível e o invisível. Ela contém o conhecimento das leis ocultas que conectam os diferentes planos.
   * O Hierofante (V): Como ponte entre o divino e o humano, ele ensina as verdades universais e as leis que regem o cosmos e a sociedade, mostrando a correspondência entre o espiritual e o material.


3. O Princípio da Vibração:


“Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.”
Tudo no universo está em constante movimento e vibração, desde a menor partícula até os maiores corpos celestes.
 * Arcanos Correspondentes:
   * A Roda da Fortuna (X): Simboliza os ciclos, o movimento constante da vida, as ascensões e quedas, a impermanência e a vibração inerente a todas as coisas.
   * O Carro (VII): Representa o movimento, o progresso e a direção. O condutor do Carro controla as forças opostas para avançar, mostrando a maestria sobre as vibrações e energias.


4. O Princípio da Polaridade:

 
“Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.”
Tudo possui dois polos, dois aspectos opostos, mas complementares.
 * Arcanos Correspondentes:
   * Os Enamorados (VI): Simboliza a escolha entre dois caminhos, a dualidade e a necessidade de reconciliar opostos para tomar uma decisão harmoniosa.
   * A Justiça (VIII): Busca o equilíbrio entre os opostos, a verdade e a equidade, ponderando os dois lados de uma questão para alcançar a harmonia.


5. O Princípio do Ritmo:

 
“Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.”
Tudo flui e reflui, existem ciclos de ascensão e queda.
 * Arcanos Correspondentes:
   * A Força (XI): Representa o controle das paixões e instintos, a capacidade de domar o "animal" interior, gerenciando a energia e o ritmo da própria natureza.
   * O Enforcado (XII): Sugere um período de suspensão e sacrifício, invertendo a perspectiva. É um momento de pausa no ritmo normal para obter uma nova compreensão, preparando-se para um novo ciclo.


6. O Princípio de Causa e Efeito:

 
“Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei.”

Nada acontece por acaso; toda ação tem uma reação correspondente.
 * Arcanos Correspondentes:
   * O Diabo (XV): Embora muitas vezes interpretado negativamente, ele representa as correntes que nos prendem (sejam vícios, apegos materiais, ilusões), que são resultados de nossas próprias causas e escolhas. Também mostra o poder de desatar essas amarras.
   * A Torre (XVI): O colapso da Torre é um efeito dramático de causas subjacentes (estruturas falsas, arrogância). Ela simboliza a ruptura necessária para a libertação das causas negativas.
   * O Julgamento (XX): Representa o despertar para as consequências das ações passadas, um chamado para o renascimento e a avaliação do que foi feito, antes de iniciar um novo ciclo.


7. O Princípio do Gênero:

 
“O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.”
Em tudo há aspectos masculinos (ativo, doador) e femininos (receptivo, criativo), que interagem para gerar e criar.
 * Arcanos Correspondentes:
   * A Imperatriz (III): O princípio feminino da criação, fertilidade, abundância e nutrição.
   * O Imperador (IV): O princípio masculino da estrutura, ordem, autoridade e concretização.
   * A Estrela (XVII): Representa a harmonia entre o dar e o receber, a intuição e a inspiração, fluindo livremente entre o terreno e o celestial, simbolizando a união dos princípios criativos.
   * O Sol (XIX): A manifestação da vida, da vitalidade e da alegria, que surge da união harmoniosa dos princípios masculino e feminino.
   * O Mundo (XXI): Representa a conclusão e a totalidade, a integração de todos os aspectos (masculino e feminino, espiritual e material) para alcançar a plenitude.
A beleza dessa correlação está na maneira como os Arcanos Maiores, através de suas narrativas visuais e simbólicas, ilustram e personificam as verdades universais expressas pelas Leis Herméticas. Estudar essa conexão aprofunda a compreensão tanto do Tarô quanto dos princípios herméticos, revelando um mapa para a jornada de autoconhecimento e evolução.


Referências: 

Atkinson,William Walker. O Caibalion: edição definitiva e comentada/ um estudo da filosofia hermética. São Paulo, SP. Pensamento,2018. 

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Heranças Invisíveis: Os Traumas Emocionais como Expressão do Karma Familiar

 

Por Randler Michel

 

Vivemos em um emaranhado de histórias, emoções e padrões que, muitas vezes, nem sabemos que carregamos. Esta leitura é um convite à reflexão sobre como nossos traumas emocionais, atitudes, medos e escolhas podem estar profundamente conectados com memórias de nossos antepassados — através da genética, da psique, da espiritualidade e das dinâmicas invisíveis que governam os sistemas familiares.

🔬 Biologia e Memória Celular: O Corpo como Guardião de Histórias

A ciência vem nos mostrando, através da epigenética, que traumas podem alterar a forma como nossos genes se expressam — e essas alterações podem ser passadas entre as gerações. Além disso, terapias integrativas exploram o conceito de memória celular, que sugere que nosso corpo armazena registros emocionais, como cicatrizes invisíveis que influenciam nossa forma de sentir e agir (Lipton, 2005; Pert, 1997).

🧠 Freud e Jung: A Psicanálise e os Fantasmas Familiares

Freud destacou que os traumas infantis reprimidos moldam nossa personalidade, e que conflitos vividos na infância reverberam na vida adulta (Freud, 1917). Já Jung introduziu o inconsciente coletivo, onde habitam imagens arquetípicas herdadas de toda a humanidade — e o inconsciente familiar, que carrega as emoções e padrões transmitidos entre gerações (Jung, 1964).

Enquanto Freud via a família como palco das neuroses, Jung nos convida à individuação — o processo de se tornar quem se é, rompendo com expectativas herdadas. Ele dizia: “A maior tragédia da família são as vidas não vividas dos pais.”

🌌 Constelação Familiar: Revelando Padrões Invisíveis/ Teosofia : corpo astral e causal.

Criada por Bert Hellinger, a Constelação Familiar mostra como excluídos, segredos e injustiças não resolvidas podem gerar emaranhamentos emocionais que afetam nossos destinos. Ao trazer à luz essas dinâmicas, podemos abrir espaço para a cura e reconexão (Hellinger, 2001). Durante a sessão da constelação que pode ser feita em grupo, utilizando pessoas para representar os membros da família  ou individualmente, com o uso de bonecos ou outros recursos. O objetivo é trazer à tona dinâmicas ocultas e padrões familiares disfuncionais através do inconsciente familiar e promover cura e reconciliação. Para teosofia, essas informações permanecem registradas no corpo astral e no corpo causal, o primeiro registra influências espirituais ( espíritos desencarnados com desejo de obsessão e compulsão) e segundo registra todos acontecimentos agradável ou desagradável entre as vidas e gera um campo vibracional de atração. Blavatsky enfatizou a importância do desenvolvimento do corpo causal para a evolução espiritual e a busca pela sabedoria. Blavatsky  descreveu o corpo causal como um raio de luz divina, uma emanação do Eu Superior que anima a personalidade através da encarnação, onde fica registrado todos acontecimentos ,inclusive os traumas emocionais ocorridos entre das diversas reencarnações.

🌱 Campos Morfogenéticos: A Memória Viva da Família

O biólogo Rupert Sheldrake propôs que existem campos morfogenéticos que guardam informações coletivas — como se a família tivesse uma memória própria que influencia comportamentos e traumas, mesmo entre pessoas que nunca se conheceram (Sheldrake, 1981).

A teoria dos campos morfogenéticos, proposta pelo biólogo Rupert Sheldrake, sugere que existem campos não físicos que influenciam a forma e o comportamento dos sistemas vivos, incluindo a hereditariedade de traços comportamentais e traumas familiares. Essa teoria postula que esses campos, chamados campos morfogenéticos, armazenam informações coletivas que são transmitidas através de gerações, afetando indivíduos mesmo que eles não tenham experiência direta com os eventos passados. 

Em termos mais simples, a teoria de Sheldrake sugere que existe uma espécie de "memória coletiva" familiar, onde padrões de comportamento e traumas podem ser transmitidos para membros da família, mesmo aqueles que nunca conheceram seus antepassados. Essa "memória" também chamada de inconsciente familiar não é armazenada em genes, mas sim em campos invisíveis que influenciam a forma e o desenvolvimento dos sistemas vivo

🔮 Karma Pessoal, Familiar e Coletivo

Do sânscrito, karma significa "ação". O karma familiar é o conjunto de padrões herdados que pedem reconciliação e evolução. Já o karma coletivo mostra que também carregamos a carga energética de grupos sociais e culturais. Somos parte de algo maior — e temos o poder de transformar ciclos de dor em aprendizados. No corpo causal ficam registradas todas as experiências entre as vidas.

✨ Kardec e a Família Escolhida

Segundo Allan Kardec, os espíritos escolhem suas famílias antes da reencarnação — por afinidade ou necessidade de resgate. Isso nos traz uma nova perspectiva: mesmo os relacionamentos difíceis podem ter uma razão mais profunda, e representam oportunidades de reconciliação espiritual (Kardec, 1857).

📖 Bíblia: As Marcas da Geração

O versículo de Êxodo 20:5 afirma: “Visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração”. Essa mensagem bíblica reforça a ideia de responsabilidade intergeracional — um chamado à cura e ao amor incondicional, como ensinou Jesus em João 13:34: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Com essa passagem temos a ideia que há uma herança espiritual familiar entre as gerações.

 

💔 Famílias que Adoecem: Como Romper Ciclos?

Famílias adoecem quando há exclusão, segredos, violência ou falta de afeto. Mas existem terapias capazes de restaurar vínculos, curar traumas e romper ciclos repetitivos:

  • Constelação Familiar Sistêmica

  • Psicanálise Clínica

  • Escrita Terapêutica

  • Terapias Somáticas e Energéticas

  • Meditação, ThetaHealing e Práticas de Perdão

🔓 Conclusão: A Cura Começa com Consciência

Traumas familiares são como portas entreabertas. Podemos escolher ignorá-las ou atravessá-las com coragem e compaixão. A integração entre ciência, espiritualidade e psicanálise revela que curar-se é um ato de amor que reverbera por gerações. E você — o que escolhe transformar hoje?

📚 Referências

  • FREUD, S. Introdução ao Narcisismo. Imago, 1917.

  • JUNG, C. G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Vozes, 1964.

  • HELLINGER, B. A Simetria Oculta do Amor. Cultrix, 2001.

  • SHELDRAKE, R. Uma Nova Ciência da Vida. Blond & Briggs, 1981.

  • KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. FEB, 1857.

  • PERT, C. Molecules of Emotion. Scribner, 1997.

  • LIPTON, B. A Biologia da Crença. Butterfly, 2005.

  • BÍBLIA SAGRADA. Êxodo 20:5.

  • VIVEKANANDA, S. Karma Yoga. Advaita Ashrama, 1896.


terça-feira, 8 de julho de 2025

ELEMENTOS, TEMPERAMENTOS E HUMORES: A SABEDORIA DOS ASTROS E DA MEDICINA ANTIGA


Por: Randler Michel

A astrologia e a medicina tradicional compartilham raízes profundas na observação dos elementos naturais e suas influências sobre o corpo e a psique humana. Um dos diálogos mais ricos entre essas áreas se dá na correlação entre os quatro elementos astrológicos — Terra, Água, Ar e Fogo — e os quatro temperamentos clássicos — melancólico, fleumático, sanguíneo e colérico.

Essa abordagem é amplamente explorada por Stephen Arroyo em sua obra Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Pensamento, 1984), que propõe uma leitura psicológica dos signos e elementos. Ao mesmo tempo, ela se entrelaça com a teoria humoral desenvolvida por Hipócrates, o pai da medicina, que deduziu dos quatro elementos primários do universo as qualidades de calor, frio, umidade e secura, associando-as aos quatro humores corporais: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra.

🌱 Terra (Touro, Virgem, Capricórnio)

  • Temperamento: Melancólico

  • Qualidades: Frio e seco (bile negra)

  • Traços: introspecção, disciplina, foco no concreto, reserva emocional

  • Humor correspondente: Representa sobriedade, análise profunda e perfeccionismo

🌊 Água (Câncer, Escorpião, Peixes)

  • Temperamento: Fleumático

  • Qualidades: Frio e úmido (fleuma)

  • Traços: sensibilidade, paciência, afetividade, imaginação

  • Humor correspondente: Reflete estabilidade emocional, receptividade e introspecção

💨 Ar (Gêmeos, Libra, Aquário)

  • Temperamento: Sanguíneo

  • Qualidades: Quente e úmido (sangue)

  • Traços: sociabilidade, racionalidade, agilidade mental, espontaneidade

  • Humor correspondente: Representa entusiasmo, leveza e flexibilidade

🔥 Fogo (Áries, Leão, Sagitário)

  • Temperamento: Colérico

  • Qualidades: Quente e seco (bile amarela)

  • Traços: impulso, iniciativa, força de vontade, liderança

  • Humor correspondente: Marca indivíduos intensos, combativos e decididos

📚 Referências bibliográficas:

  • ARROYO, Stephen. Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. São Paulo: Pensamento, 1984.

  • PSICANÁLISE CLÍNICA. Teoria dos Humores de Hipócrates: história, tipos e funções. Disponível em: . Acesso em: julho de 2025.